quarta-feira, 24 de março de 2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

Reforma Íntima



A evolução é lenta, caminha no compasso da natureza, mas a própria natureza tem seus ciclos e nossa humanidade está justamente vivenciando a fase de transição de um ciclo para outro.
É algo semelhante ao que acontece com a borboleta, após longo período no casulo, gestando sua metamorfose. Um dia sai completamente modificada, abre as asas e, bela e leve, irradiando alegria, parte para nova etapa.
O mesmo acontece conosco. Se estivemos encasulados ao longo dos séculos ou milênios, em gestação evolutiva, podemos fazer agora um esforço maior para promovermos nosso “nascimento cósmico”, como seres melhorados. Podemos também permanecer no casulo, aguardando nova primavera nos ciclos do tempo. Só depende de nós.
E não se pense que pelo fato de sermos espíritas, detendo conhecimentos mais avançados, estejamos num degrau superior, porque como disse o espírito Ermance Dufaux “Espiritismo na cabeça é informação, no coração é transformação”. E é bom observar que essa transformação não acontece, ou então ocorre de forma excessivamente lenta, se não lhe dermos prioridade.
Até agora nos meios espíritas vem-se priorizando o estudo doutrinário, que é importante, mas peso maior tem em nossa evolução a vivência dos conteúdos espíritas, que são muito simples e estão ao alcance de qualquer intelecto, por mais pobre que seja. Mas isto não é fácil, porque somos o resultado de milenares elaborações no bojo do tempo e das reencarnações. Por isso, para se conseguir resultados, é necessária uma análise clara e profunda da situação e a partir daí, elaborar-se um plano de ação, uma didática, uma metodologia mais apropriada, que possa mudar esse quadro.
Pois o nosso conhecimento teórico não deve ficar parado, porque seria como um rio muito bonito com flores em sua superfície, mas que não existiriam as raízes que iriam até o fundo, aonde buscasse da terra a sustentação para a manutenção dessas flores. Consequentemente, o conhecimento são as flores, mas o nosso trabalho interior são as raízes, da busca profunda do que existe de melhor que está dentro de nós. Estudar a doutrina é fundamental, mas deixar de buscar as causas torna o conhecimento inoperante. A partir de cada momento do estudo, tem que se fazer uma autoanálise.
A reforma íntima é um processo de conscientização, de aquisição de habilidades, pois não se arranca nada, transforma-se. Nesse sentido, é essencial educar os sentimentos, dinamizando as qualidades que temos e conhecendo nosso pontos fracos, nossas imperfeições. Reparar o mal e construir o bem.
É necessário nos harmonizarmos com nosso passado e conscientizarmos de nossa perfeição divina, de nos identificarmos com nossa essência espiritual. Prosseguir sem lástimas, nos perdoando.
Muitas vezes iniciamos nosso trabalho de reforma intima e no primeiro percalço desanimamos, cultivando em nosso íntimo a culpa, a ansiedade, o sofrimento, a angústia, a decepção, o conflito gerando em nossa mente emoções punitivas como a ansiedade, a tristeza e o abandono de nossa proposta. Temos que pensar entretanto, que nossa meta é o aperfeiçoamento e não a perfeição imediata. Nossa pretensão não é virarmos anjo em uma encarnação e talvez nem nas próximas.
A angústia de melhoramento é natural do ser, porém é necessário que tenhamos discernimento sobre nossas emoções e busquemos nosso bem estar interior. O conflito e consequentemente o desequilíbrio surge da relação com aquilo que queremos, aquilo que devemos e aquilo que somos capazes, quando não temos o equilibrio necessário para discenir sobre esses pontos, fazemos metas que não podem ser cumpridas e entramos em desequilibrio. Nesse sentido, é necessário que sejamos nós mesmos nesse processo, sem autopunição, e sim com disciplina. Reforma íntima é educação e não repressão. Utilizemos então nosso autoperdão, nosso autoamor e escolhamos estar no bem.